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O perigo e o pecado da religiosidade

A religiosidade é algo tão perverso, tão espiritualmente venenoso, que, ao observar o ensino do Senhor Jesus, entendemos que ela pode ser pior até mesmo do que a imoralidade. Sim, é isso mesmo que estou afirmando. E por quê? Porque, diferentemente dos demais pecadores, o religioso, por sua aparência de piedade, é um pecador vacinado contra o arrependimento!

Lemos na Bíblia que a perversa cidade de Sodoma teria se aberto ao ministério de Jesus e sua pregação de arrependimento, enquanto os judeus de seus dias, não.

E você, Cafarnaum: será elevada até o céu? Não, você descerá até ao Hades! Se os milagres que em você foram realizados tivessem sido realizados em Sodoma, ela teria permanecido até hoje. Mas eu lhes afirmo que no dia do juízo haverá menor rigor para Sodoma do que para você. Mateus 11.23-24

Cafarnaum, lugar onde Cristo operou tantos milagres, terá juízo mais rigoroso que Sodoma! Por quê? A explicação dada por Jesus é clara. Porque diante de milagres como os que Jesus operou, os piores pecadores de Sodoma tinham maior possibilidade de arrependimento. Pior do que um pecador (por mais terrível que seja) só mesmo um outro pecador que é vacinado contra o arrependimento. É isso que a religiosidade faz: bloqueia os pecadores contra o arrependimento. Ela promove um senso de justiça baseado na vida aparente que, por sua vez, o cega para a sua real condição espiritual.

Em outro momento, o Senhor Jesus afirmou que as prostitutas estão mais próximas do reino de Deus do que os religiosos dos seus dias.

E que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Chegando-se ao primeiro, disse: Filho, vai hoje trabalhar na vinha. Ele respondeu: Sim, senhor; porém não foi. Dirigindo-se ao segundo, disse-lhe a mesma coisa. Mas este respondeu: Não quero; depois, arrependido, foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram: O segundo. Declarou-lhes Jesus: Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus. Porque João veio a vós outros no caminho da justiça, e não acreditastes nele; ao passo que publicanos e meretrizes creram. Vós, porém, mesmo vendo isto, não vos arrependestes, afinal, para acreditardes nele. Mateus 21:28-32

À semelhança dos fariseus dos dias de Jesus, nós pecamos hoje por nossa religiosidade. Aprendemos a falar e nos comportar com ares de bons cristãos e, com isso, encobrir nossa desobediência.

Dos dois filhos, quem demonstrou ser obediente? Aparentemente foi o primeiro, que respondeu afirmativamente ao chamado do pai. Porém, na prática, o filho obediente foi o segundo. Ainda que a princípio tenha se rebelado e dito que não faria o que o pai tinha pedido, depois, arrependido, foi e obedeceu. Jesus compara esses dois filhos a dois grupos de pessoas: os fariseus (o grupo religioso mais rigoroso dentro do judaísmo) e os pecadores (os coletores de impostos e prostitutas, que recebiam os piores rótulos sociais e espirituais naqueles dias). Jesus termina dizendo que o último grupo entraria no reino de Deus antes dos fariseus (os beatos e carolas da época).

Conclui-se então, que de nada adianta passar horas sentado na igreja, ouvindo a Palavra de Deus, agindo como quem diz sim a tudo que nosso Pai celestial nos pede, se depois não se faz o que ele nos ordenou. A aparência de obediência não está entre os pecadores; está entre os religiosos. Já a verdadeira obediência nem sempre está com eles.

Penso que, dentre os problemas do religioso, do que cultiva essa vida aparente de devoção exterior sem paixão interior, estão duas coisas terrivelmente danosas à sua relação com Deus: a justiça própria e o orgulho.

Falando da justiça própria, podemos destacar que Jesus endereçou a parábola do fariseu e o publicano que subiram ao templo para orar aos que confiavam em sua própria justiça (Lucas 18.9). Não temos justiça própria; imaginar que isso seja possível é um grande engano! A Palavra de Deus afirma que todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo de imundícia (Isaías 64.6). Nossa justiça nos é imputada por meio de Cristo.

No que diz respeito ao orgulho, sabemos que Deus não quer que ninguém se glorie. Essa é uma das razões pelas quais a Bíblia diz que somos salvos pela graça, e não por obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2.8,9). Ou como Paulo disse aos coríntios: a fim de que ninguém se glorie na presença de Deus (1 Coríntios 1.29). E ainda: para que, como está escrito: Aquele que se glorie, que se glorie no Senhor (1 Coríntios 1.31). O orgulho e a vanglória serão evitados mediante contínuo quebrantamento e reconhecimento de quanto dependemos de Deus Para tudo, Sim, até para viver a vida cristã!

Texto extraído do livro "Até que nada mais importe", do Luciano Subirá.

Observe a reação de Jesus frente à religiosidade:

Mateus 23

Jesus critica os líderes religiosos (censura oes escribas e fariseus)

Então Jesus disse às multidões e a seus discípulos: “Os mestres da lei e os fariseus ocuparam o lugar de intérpretes oficiais da lei de Moisés. Portanto, pratiquem tudo que eles dizem e obedeçam-lhes, mas não sigam seu exemplo, pois eles não fazem o que ensinam. Oprimem as pessoas com exigências insuportáveis e não movem um dedo sequer para aliviar seus fardos.

“Tudo que fazem é para se exibir. Usam nos braços filactérios mais largos que de costume e vestem mantos com franjas mais longas. Gostam de sentar-se à cabeceira da mesa nos banquetes e de ocupar os lugares de honra nas sinagogas. Gostam de receber saudações respeitosas enquanto andam pelas praças e de ser chamados de ‘Rabi’.

“Não deixem que pessoa alguma os chame de ‘Rabi’, pois vocês têm somente um mestre, e todos vocês são irmãos. Não se dirijam a pessoa alguma aqui na terra como ‘Pai’, pois somente Deus no céu é seu Pai. Não deixem que pessoa alguma os chame de ‘Mestre’, pois vocês têm somente um mestre, o Cristo. O mais importante entre vocês deve ser servo dos outros, pois os que se exaltam serão humilhados, e os que se humilham serão exaltados.

“Que aflição os espera, mestres da lei e fariseus! Hipócritas! Fecham a porta do reino dos céus na cara das pessoas. Vocês mesmos não entram e não permitem que os outros entrem.

“Que aflição os espera, mestres da lei e fariseus! Hipócritas! Tomam posse dos bens das viúvas de maneira desonesta e, depois, para dar a impressão de piedade, fazem longas orações em público. Por causa disso, serão duramente castigados.

“Que aflição os espera, mestres da lei e fariseus! Hipócritas! Atravessam terra e mar para converter alguém e depois o tornam um filho do inferno, duas vezes pior que vocês.

“Que aflição os espera, guias cegos! Vocês dizem não haver importância se alguém jura ‘pelo templo de Deus’, mas se jurar ‘pelo ouro do templo’ será obrigado a cumprir o juramento. Tolos cegos! O que é mais importante: o ouro ou o templo, que torna o ouro sagrado? Dizem também não haver importância se alguém jura ‘pelo altar’, mas se jurar ‘pelas ofertas sobre o altar’ será obrigado a cumprir o juramento. Cegos! O que é mais importante: a oferta sobre o altar ou o altar, que torna a oferta sagrada? Quando juram ‘pelo altar’, juram por ele e por tudo que está sobre ele. Quando juram ‘pelo templo’, juram por ele e por Deus, que nele habita. Quando juram ‘pelo céu’, juram pelo trono de Deus e por Deus, que se senta no trono.

“Que aflição os espera, mestres da lei e fariseus! Hipócritas! Têm o cuidado de dar o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas negligenciam os aspectos mais importantes da lei: justiça, misericórdia e fé. Sim, vocês deviam fazer essas coisas, mas sem descuidar das mais importantes. Guias cegos! Coam a água para não engolir um mosquito, mas engolem um camelo!

“Que aflição os espera, mestres da lei e fariseus! Hipócritas! Têm o cuidado de limpar a parte exterior do copo e do prato, enquanto o interior está imundo, cheio de ganância e falta de domínio próprio. 26 Fariseus cegos! Lavem primeiro o interior do copo e do prato, e o exterior também ficará limpo.

“Que aflição os espera, mestres da lei e fariseus! Hipócritas! São como túmulos pintados de branco: bonitos por fora, mas cheios de ossos e de toda espécie de impureza por dentro. 28 Por fora parecem justos, mas por dentro seu coração está cheio de hipocrisia e maldade.

“Que aflição os espera, mestres da lei e fariseus! Hipócritas! Constroem túmulos para os profetas, enfeitam os monumentos dos justos 30 e depois dizem: ‘Se tivéssemos vivido no tempo de nossos antepassados, não teríamos participado com eles do derramamento de sangue dos profetas’.

“Ao dizer isso, porém, testemunham contra si mesmos que são, de fato, descendentes dos que assassinaram os profetas. Vão e terminem o que seus antepassados começaram. Serpentes! Raça de víboras! Como escaparão do julgamento do inferno?

“Por isso eu lhes envio profetas, homens sábios e mestres da lei. Vocês crucificarão alguns e açoitarão outros nas sinagogas, perseguindo-os de cidade em cidade. Como resultado, serão responsabilizados pelo assassinato de todos os justos de todos os tempos, desde o assassinato do justo Abel até o de Zacarias, filho de Baraquias, que vocês mataram no templo, entre o santuário e o altar. Eu lhes digo a verdade: esse julgamento cairá sobre a presente geração.”

O lamento de Jesus sobre Jerusalém

“Jerusalém, Jerusalém, cidade que mata profetas e apedreja os mensageiros de Deus! Quantas vezes eu quis juntar seus filhos como a galinha protege os pintinhos sob as asas, mas você não deixou. E, agora, sua casa foi abandonada e está deserta. Pois eu lhe digo: você nunca mais me verá, até que diga: ‘Bendito é o que vem em nome do Senhor!’”.

Versículos para reflexão:

https://www.bibliaon.com/religiao/

Isso é tão grave e tão necessário de ser discutido nas igrejas, entre os irmãos, pois há uma quantidade significativa de cristãos vivendo uma vida religiosa, que desagrada a Deus. São justamente a esses que Jesus proferirá essas palavras:

Mateus 7:22-23

Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?
E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.

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